Parece que foi
ontem, mas já faz 45 dias que retornei ao Brasil. Chapel Hill ainda está mais
viva do que nunca dentro de mim, mas os desafios agora são outros. Não
publiquei um texto sobre minha despedida de Chapel Hill por pura falta de tempo
nos meus últimos dias por lá. Incompleto, o “texto 10” perdeu o sentido e
jamais alcançará a nuvem. Choro ao reler a parte que já está escrita...
Quem acompanha o blog sabe que a
maior pergunta da minha vida nesses últimos anos foi: qual preço terei que
pagar por minhas escolhas profissionais? Cheguei a idealizar uma personagem
para isso, o Dragão Smaug, que
usurpei do livro “O Hobbit” de J.R.R. Tolkien. Na minha vida, Smaug ganhou o status de um coletor de
impostos, uma mistura de funcionário da receita federal brasileira com o IRS norte-americano. Não tem como dar um
jeitinho ou reduzir o pagamento. No meu texto “365 dias” (http://chapeletando.blogspot.com.br/2011/04/365-dias.html),
cheguei a achar que o valor a ser pago era a saudade. Infelizmente, esta foi só
a primeira parcela.
No primeiro semestre de 2012, Smaug cuspiu todo o seu fogo em mim,
cobrando cada centavo do imposto que eu deveria pagar. Se pelo lado
profissional, sinto-me com aquela sensação de dever cumprido, do lado familiar
e afetivo paguei um preço alto. Tantas pessoas amadas se foram: minha avó, para
quem fiz uma homenagem aqui no blog, tia Lurdinha e seu marido tio Dos Santos,
e a minha segunda mãe: Tia Evalda, que faleceu uma semana antes do meu retorno.
Como eu gostaria de poder conversar com eles mais uma vez... Ter nos meus ouvidos
as palavras de estímulo de vovó e tia Evalda e o carinho de tia Lurdinha e tio
Dos Santos. Smaug não parou por aí! Também
me privou da oportunidade de fazer carinho no Amarelo, um dos dois gatos dos
meus pais e que também nos deixou no primeiro semestre de 2012.
Como tributo final e inesperado, o Dragão vil cuspiu mais fogo e também
me cobrou uma das idealizadoras desse blog, pessoa que foi uma das minhas
fontes de inspiração e estímulo nos últimos anos, a qual aprendi a amar
profundamente. Luciana está viva (ainda bem!), mas a reciprocidade do meu
sentimento foi levado de dentro dela. Simplesmente virou cinzas, como se
tivesse tomado diretamente uma cusparada do fogo da criatura que há dois anos e
quatro meses jamais deixou de voar ao redor da minha cabeça. Aqui, Smaug foi particularmente cruel e
venenoso ao coletar seu pagamento, espalhando dúvida e medo por todos os
lugares e destruindo planos com seu corpo fétido. Hoje, caminhamos por estradas
diferentes.
Não acredito na falácia do “o que tiver de ser, será!”. Isso é um
jargão, uma forma das pessoas encontrarem consolo para o inexplicável. Acredito
que nossos atos definem nosso futuro e que tudo vai ter um preço a ser pago,
uma conquista sempre é acompanhada por uma renúncia, uma perda. No meu caso, tanto
ganhei quanto perdi muito.
Hoje ando com a cabeça para baixo, buscando no chão os pedaços de mim
que foram arrancados cruelmente pelo fogo de Smaug. Acredito que irei encontrá-los e que, em seguida, irei me
renovar. Manterei minha fé na vida e nas pessoas ao meu redor; na minha
capacidade de amar, de chorar, de dar boas vindas a novas pessoas que surgirem
na minha vida; e principalmente, no meu modo de ver que o copo sempre está meio
cheio e nunca meio vazio. Meus ideais e objetivos de vida, embora abalados, continuam
de pé como um prédio que acabou de resistir aos maiores terremotos em série da
história. Tudo ao redor é escombro e poeira, mas o edifício está lá!
Pensei em tirar meu blog do ar, mas não irei fazê-lo. Tem tanta coisa
boa aqui! Li meus textos anteriores e vi que consegui pôr em palavras os meus
sentimentos e dúvidas, retratei a oportunidade maravilhosa que eu tive de
seguir na busca dos meus objetivos com o apoio incondicional de pessoas
maravilhosas que fizeram e fazem parte da minha vida. Continuarei a usar o blog
como forma de me expressar para o mundo, de agradecer a grandes amigos e de
homenagear pessoas queridas.
Semana passada, quando voei de asa delta no Rio de Janeiro, vi aquele
mar maravilhoso e senti a brisa bater no meu rosto a 600 m de altura... Imediatamente,
lembrei-me de Renato Russo:
“...Quando vejo o mar
Existe algo que diz:
- A vida continua e se entregar é uma bobagem.”
Estamos juntos, meu amigo!!
ReplyDeleteSampa
Meu caro fiote.
DeleteSempre digo a minhas sobrinhas e a anos elas escutam isso de minha boca maldita. "TODA ESCOLHA, POR MELHOR QUE PENSAMOS QUE SEJA, DEFINE UMA PERDA".
O inexplicável SE invade nossas almas podendo nos jogar na garganta de Smaug.
Se a fé de Cristo remove montanhas, a nossa fé pode pelo menos arrancar alguns espinhos cravados em nossas almas pelos desencontros da vida. Mas pelo fato de seu dinamismo, encontros inesperados podem acontecer e apesar da avassaladora destruição interior pelas chamas de Smaug, a vida renasce das cinzas e o mar estará sempre a espera para dizer-mos: "O dia está cinza,... mas que beleza de mar."
Abraços
Wagner
O mais belo texto do seu blog. Como dizia o poeta, "para fazer um samba com beleza, é preciso um bocado de tristeza". Eu me faço questionamentos semelhantes, e infelizmente eles nunca serão respondidos sem deixar dúvidas. É sempre bom lembrar, seus amigos estão ao seu lado :) Abraços.
ReplyDeleteErick meu amigo. Tu escreve muito bem cara!!! Tem que aproveitar esse dom e escrever um livro ou algo do tipo! Comprarei!!!! Bom, depois de ler esse texto, só tenho uma coisa a te dizer: és o cara!!! Concordo com tudo que falasse aqui, sem pôr nem tirar uma vírgula. Te conheci nos EUA, numa fase digamos um tanto quanto diferente da minha vida ( pra quem não sabe brasileiro morando nos EUA, passados os primeiros meses de euforia, se torna mais amigável, carente e, principalmente, pensativo....). Bom, não tenho dúvidas de que uma das melhores coisas que me aconteceu nos EUA foi ter te conhecido. Dentre tantas qualidades, fico triste em saber que teu relacionamento com a Lu tenha chegado ao fim. No entanto, tenho algo a dizer-te, citando um texto sobre esse tema tão complicado: “Será que amar é mesmo tudo”? Talvez se todos nós olharmos pro passado, em algum momento tenhamos pensado que a resposta é SIM. Mas, hoje, cheguei a uma breve conclusão: não, amar não é tudo. É quase tudo. Amar é o começo. O primeiro parágrafo. A primeira nota. É o que canta (e encanta). Amar é que nos faz falar. É o que nos faz acordar. É o que nos faz dizer “Bom dia” com o sorriso mais livre do mundo. Mas amor não é apenas sorte. Não pensem também que amor é a solução pra todos os nossos problemas. Não. Amor não é solução. Amor é prêmio. Recompensa feliz para quem – afinal de contas – conseguiu manter-se fiel a si mesmo. Em uma época em que os desejos duram o tempo de uma estação, acho o AMOR o exercício mais radical que podemos fazer.”(O coração agradece!) Autora: Fernanda Mello // Erick, tenho certeza que vais dar a volta por cima e já já estarás feliz e radiante como sempre. És uma pessoa difícil de encontrar, improvável de não se gostar e impossível de se esquecer!!!! Abração do teu fã, GUGA. (OBS: como não poderia faltar uma parte engraçada aqui, se a 'deprê' bater à sua porta compra uma passagem pra SC. Afirmo que não voltas, nem pra Pernambuco, nem pra Las Vegas kkkkkkkkkkkk) Conte sempre comigo!!!! Absssss
ReplyDeleteOlha Erick... muito lindo seu texto, fiquei emocionada... como já te disse passei por uma separação, a ruptura de um plano e é bem difícil no começo... mas não se culpe ou se arrependa de algo que tenha feito... eu sempre lembro de uma frase "O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos"... por isso continue atrás de seus sonhos e vc encontrará a felicidade... Bjssss Jeana
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